21/09/2012

memórias do paraíso

me desculpe o tempo linear, cronológico, mas aqui dentro a coisa funciona diferente.
digo, aqui, dentro de mim.
não poderia começar a trabalhar sem antes expressar as sensações, lembranças e delícias de um lindo fim de semana pré-primaveril.
trata-se de mais uma experiência no paraíso. dessa vez, diferente. mais integrante, mais dentro. cada vez mais, mais, e mais. dessa vez por nós mesmos, ainda que tenhamos encontrado nosso guia amigo, mais amigo do que guia nos dias de hoje. aliás, devo começar por ele, que marcou o começo, saudando-nos com seu abraço apertado de boas vindas e sorriso estampado.
- andré é daquelas pessoas iluminadas, que já fazem o bem só por existir. entende? -
, chegamos e resolvemos dar uma passeada pra entender as transformações pelas quais o paraíso tinha passado - afinal, tinha quase um ano desde a última visita. melhor, para reconhecer aquele espaço tão nosso. logo nos primeiros passos, um carro grande, com um adesivo "<< gentileza>>gera<<gentileza>>" para e, dele, desce um rapaz de dreads - cada vez maiores! - muito familiar. andré!!! indício de que a estadia seria linda. e foi.
proseamos, soubemos das transformações pelas quais nosso amigo havia passado e combinamos uma visita à sua nova loja - que vale, no mínimo, uma olhada pelas coisas lindas: https://www.facebook.com/LojaSalamandra ! -. seguimos pro almoço, no jatô. justo almoço.
passamos na salamandra em seguida, horas de prosa, fotos, xangai, compras, matança de saudade.
(ok, não sei se horas, mas um tempo gostoso. hoooooras!).
à noite, um rock e uma pizza no alquimia precedendo o blues do dotô e música reciclada do vida seca. ê, goiás, quanta gente talentosa você doa a esse brasil!
no dia seguinte, as loquinhas. mas antes, a feira: produtos orgânicos e naturais, roupas de algodão, suquinhos verdes. gente bonita, gente feliz. risadas e lembranças nossas ao ver harebolos.
depois, loquinhas. a mesma trilha que me derrubou, abrindo ferida ainda não completamente cicatrizada  - e que, loucamente, curto que assim seja, me faz lembrar, marcou-me na pele. mesma trilha, paisagem diferente. a secura. bela, bela.
escrevo e sinto, escrevo e (re)vejo.
encanta-me.
o almoço seguido no nosso tapindaré. outra chef, mesma decoração, comidinha ainda deliciosa. de se empanturrar. comemos, comemos, comemos. brigadeiro completou a refeição. e quem me conhece imagina a felicidade dupla: brigadeiro e chapada!
a tarde foi de pôr do sol visto da rua e de mais reconhecimento.
a noite foi de papos gostosos em volta da garrafa de café, pessoas novas, lanchinho no vegetariano cravo e canela - com o quadro que faz lembrar que há vida nos filés da vida. a noite foi de reencontro com isabel, amiga querida. (não necessariamente nessa ordem)
a noite foi de paz. a noite foi de amor.
domingo chegou, último dia. dia de aproveitar como se fosse o último.
volta agendada, ideia na cabeça, uma graninha no bolso, bunda na garupa da moto e cabeça no capacete. rumo às almécegas, hora de vê-las na seca e, finalmente, banhar-me naqueles rios por onde passei com feridas abertas e banhos impossibilitados. lembrava da longa trilha, mas meu nativo moto-taxi-driver, cujo nome - perdão - não me recordo, resolveu relembrar um caminho que fazia há muito tempo, subindo, subindo e subindo aquela estrada de cascalhos e buracos. deserta que só, mas, bonita que só. passava-me confiança, muita. na garupa, corpo ao vento, apreciava o trajeto - que é tão prazeroso quanto estar lá, em qualquer lugar pra onde se vai. caminho de papos com o motoqueiro, nas tentativas de decifrar o que ele falava com aquele sotaque carregado e voz concentrada na área interna do capacete.
chegamos.
paisagem de meio de trilha. alguns transeuntes com cara cansada pelo sol na cabeça seguiam em direção ao lugar pra onde iríamos. marcamos o horário da volta com nossos motoqueiros e seguimos a trilha. dez passos e lá estávamos! não acreditei que nosso amigo tinha cortado tamanho caminho. minhas pernas agradeceram imensamente. meu espírito nem se fala! ainda que a trajeto seja uma parte gostosa, ganhamos horas de paisagens e banhos a mais com esse atalho. (reflexão: ganharíamos por todos os lados, eu sei, mas o caminho traçado deixou-me satisfeitamente feliz.)
mais tarde soube que havia 10 anos que ele não pegava aquele caminho e que não tinha certeza de onde estava nos levando.
emoção!
almécegas 1, tão linda, tão linda! encanta-me. banhos, sol, pessoas, força, renovação, vontade de não mais sair. mas saímos.
rumo à 2.
longuinha a trilha de volta - e viva o motoqueiro!
informações de um rapaz indicavam o início da nova trilha após caminhada de 1km. "pernas, lá vamos nós!". caminhamos 100 metros, prontos para comer poeira como havia sido no dia anterior, no seco caminho pras loquinhas. claudia para, buzina e indaga: "querem carona?". você, que está lendo isso, e que é espert@ já adivinhou a resposta, né? o resultado foi de mais um encontro na vida. agora um encontro paulista. papos e papos no carro e cachoeira. histórias e histórias. mistura de sotaques.
delícia.
almécegas 2, encanta-me. banhos, sol, pessoas, força, renovação, vontade de não mais sair. mais umas trocas. luciana, nordestina - se minha memória não falha, de serjipe. prosas e prosas. trocas e trocas.
hora de ir. vontade de ficar. almocinho gostoso, soneca à tarde, lanchinho no cravo e canela, gergeliko. festival de música instrumental - fagundes que não é o antônio, mas o pablo. música boa. vida.
abraços agora eram de despedida.
saudade começando a apertar.
amor, paz.
soneca pré-viagem. volta acompanhada pela lua que sorria.
minh'alma sorria de volta.


nota: comecei na segunda de piriri e retorno à "cidade maravilhosa". as malas continuaram com as roupas sujas, jogadas no chão do quarto do apê que fica no prédio de muitos andares - até ontem. o biscoito do voo continuou intacto - até alguns minutos atrás. acabou, voltando à vida real, duas semanas após a sexta de chagada. até a próxima.


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