20/05/2020

memória de uma aventura

deliciosa e inesperada aventura. inesperada por não se estar inteira de corpo físico e, talvez, por um pouco de alma incompleta também (mas em que momento se está inteira, a não ser naquele lindésimo de segundo - e utilizo o termo com a licença de meu bigodudo favorito - em que se observa uma folha caindo tão suavemente rodopiante da aparente árvore intacta? ou naquele mínimo instante em que uma borboleta saltita no ar enquanto carros cruzam a tumultuada avenida almirante barroso, em meio ao caos do centro da cidade?). o fato é que foi. na companhia de parceiras pra vida, foi. fomos seis os elementos. fieis e companheiros pelos quatro dias lá no cerrado amado, lá no meu lugar, lá no lugar da vida e de todos nós. deliciosa pela vida, pela contínua inspiração e pelo sol companheiro. iniciada numa quinta de reencontro, de chuva, de cadeira móvel, ladeira, dois embarques, dois desembarques, céu azul, frio. quinta de vida e de alegria - sobretudo na chegada. nhoque sem sal e vinho gostoso. a sexta de alegria, poeira, cerveja, caipiroska, passagem de som, quartzo rosa = amor incondicional. primeira prova do cravo e canela, que continua lembrando que um presunto não é um presunto, mas uma vida.
tudo confuso aqui dentro.
roupas, sapatos, pensamentos
espalhados,
tudo.
reflete a falta.
do que?
daquela que fui,
da que serei.
meu tempo é hoje?
meu tempo é de pé esquerdo.
ô membrinho porreta!
guênta o tranco, incha um pouco,
segura o peso do mundo.

quando sentimentos, sono, angústias, saudade - ou saudosismo? -viram um dia branco, anuviado.
viver sem tentar entender é simples.
só caminhar, como dizem.
toca estado de poesia.
onde foi parar a minha?
olheiras crescem a cada dia.
cabelos também.
e caem, estou ficando careca.
estou ficando velha.
caroços crescem dentro do peito.
viver continua sendo lindo neste dia de céu azul.
mas cadê a claridade que foi?
e pra onde foi?
não, não está escuro, mas anuviado.


17/05/2020

moz, amô

a dureza de estar lá,

e a beleza na memória.

o desejo dos mistérios desvendar.

um povo de sorriso na cara,

alegria exuberante.

e uma ilusão:

a língua nos aproximaria, uniria.

os poderes hegemônicos,

o pensar colonizado,

sim, este nos une

05/05/2020

diário aberto

eu preciso escrever.

preciso.

preciso registrar que estou ouvindo a teresa cristina cantando músicas mineiras, e preciso dizer o quanto amo minas.
e preciso dizer que passei a amar minas por suas músicas.
aquelas músicas que levam a gente pelos verdes, que dão saudade do que nem foi, que tocam num lugar que... só pisando aquele solo em que o pão de queijo do pior pé sujo é o mais gostoso da vida.
terra que me deu amizades que amo de um sem tamanho gigante.
o sonho de cruzar a ponte de visconde de mauá e chegar em minas, ibitipoca, itapecerica, carrancas.
preciso porque hoje paulina chiziane me sussurrou ao pé dos olhos pensares sobre passado, presente, futuro.
grifei.
preciso porque o presente tem sido generoso, com geladeira cheia, comida gostosa, casa confortável.
preciso porque o presente tem sido um presente com a melhor companheira da vida, aquela que me faz rir, chorar, pensar, repensar, crescer.
preciso porque estou quente, estou acolhida, estou mesmo aquecida.
preciso dizer que estou acolhida, quentinha, mas estou também triste, saudosa sem saber o que pensar, num sentir tão profundo com tudo isso, que só sei sentir saudade e viver o hoje sem a certeza do amanhã.