08/06/2005

Para não esquecer. :)


Poemas que eu mais gosto do Paulo Leminsk.

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Amor, então, também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria prima
que a vida
se encarrega de transformar
em raiva
Ou em rima

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Quando chove,
eu chovo,
faz sol,
eu faço,
de noite anoiteço,
tem deus,
eu rezo,
não tem,
esqueço,
chove de novo,
de novo,
chovo,
assobio no vento,
daqui me vejo,
lá vou eu,
gesto no movimento

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eu
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora
quem está por fora
não segura um olhar
que demora
de dentro de meu centro
este poema me olha

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apagar-me
diluir-me
desmanchar-me
até que depois
de mim
de nós
de tudo
não reste mais
que o charme