naquela noite, sabe-se lá por qual motivo, sonhou que mais uma vez era abandonada.
abandonada antes mesmo de começar.
era uma casa grande, em copacabana, tudo uma bagunça, criança, empregada, comida por fazer e a analista. a analista loira e diferente das que já tivera anteriormente. a analista que dissera que não poderia tratá-la.
quando soube ficou desolada – por dentro, claro. nunca foi de deixar sua fraqueza aparecer francamente. nunca. não nessas situações.
e, de repente, um conforto. não ficou sem dizer – ouvir – nada. aquela seria a última mas ouviu umas coisas que valeram. acordou sem lembrar de todas. uma ficou. a estranha zen analista lhe comparou a um lírio fechado, um lírio prestes a abrir, a florescer, a se tornar belo. isso a fez esquecer da sensação de abandono. fixou-se na idéia de que um dia o lírio se abriria para a vida.
acordou sem querer. tomou banho. perfumou-se. vestiu-se de longo, partiu para a vida.
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